quinta-feira, abril 19, 2012

Foi meu eu-lírico virtual

É virtual. É inventado. Tudo o que você conhece foi escrito a duas mãos. Partiu do meu eu-lírico virtual. Na internet todo mundo pode ser o que quiser. Criamos personagens de nós mesmos. Caricatos. Exagerados em qualidades, defeitos e sentimentos. Daí existir tanto drama, tanta alegria efusivamente estampada, tanta força de mártires que protestam virtualmente por seus ideais, praticantes de boas ações no plano bidimensional, expressivos na cadência dos bits. Vidas se passam, amizades verdadeiras se formam, relacionamentos começam e terminam. Aqui você encontra, por vezes, mais diversão que amigos com cerveja, mais apoio que colo de namorada, mais orientação que padre, psicólogo, ou conselho de mãe, mais solução que decisão. Amigos se reúnem para um chat. Nos abrimos com desconhecidos e semi-conhecidos. Superficial, artificial, digital, surreal. A vida segue e se descreve em códigos binários. Zero e um. Traduz tanta coisa. Qualquer coisa. Que coisa! Cores, expressões, movimentos, luz e som. Janelas que se abrem e fecham. Cada um diz o que lhe condiz. Personagens de sua própria história. Aquela que você vive e cria ao mesmo tempo. Tão irreal que chega a ser verossímil! Somos quem podemos ser. Somos o que queremos ser. Enquanto lá fora da tela se vive, aqui se cria. A verdadeira sociedade alternativa, do mundo paralelo virtual. Que vez ou outra se materializa. Deixa o digital e se torna digitável, palpável, tangível... Real?


3 comentários:

  1. Gostei muito, principalmente do ritmo que você deu ao texto.Acho que você vai gostar dessa postagem, pois ela ilustra o que você escreveu: http://he2mms.blogspot.com.br/2012/04/escrever-liberta.html
    Abraço!

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  2. Nao tenho dúvidas do "quê" de real que o virtual contém. Alguns transformam-se outros enfim se deixar ver.
    Gostei, Michelle!

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  3. Adorei seu texto!

    A internet permite que sejamos gigantes poderosos, ela nos oferece a possibilidade de fantasiarmos e divertimos com o que desejamos ser, o perigo esta quando acreditamos nesta fantasia. No mais, todo são livres para ser o que querem, desde que não invada o direito de ser do próximo.

    Um grande abraço Michelle!

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