quinta-feira, março 29, 2012

O retorno de Saturno


Eu adoro comemorar meu aniversário. Sempre foi uma das minhas datas preferidas do ano. Adoro receber os amigos, aquela atenção especial, festa, dança, bagunça, casa cheia, presentes, apesar de nem sempre aceitar bem o que isso simboliza: mais um ano de vida, o avanço irrevogável do tempo.

Mas neste ano, ao que tudo indica, passarei essa data solitária, sem qualquer celebração. Não estou numa fase muito boa, além de toda a conspiração astral e crise dos 30... em que vejo todos os meus amigos de infância curtindo filhos, casamentos, realização profissional, viagens de sonho... tudo leva a crer que mesmo sem estar na TPM, vou "curtir" um belo resquício da fossa em que estive nos últimos dois meses. 

O retorno de saturno se completa e meus 30 anos chegam em meio a pior crise que já tive... Sempre soube que seria um período de grandes transformações, o que até aqui, não está sendo nada fácil. Vivo em constante e aterradora solidão, com muitas dúvidas sobre que caminho seguir, sem saber sequer por onde começar. Minha vida se resume a estudos, trabalho e reclusão.

Ganhei um mapa astral de presente, com destaque para as seguintes informações, conforme pude compreender: meu retorno de saturno está situado na identidade, ou seja, os últimos 2 anos foram de mudanças reais de personalidade, identidade, o que deverá se concluir agora, ao fim dos 30 anos. Mas isso pode não ser algo definitivo, pois contraditoriamente, mudo muito de jeito, me transformo na identidade, pois ela está em libra. Juntando-se a isso tudo o sol em áries, ascendente em virgem e lua em gêmeos... quem sabe a louca que serei no futuro?

Vinte e Nove
Legião Urbana


Perdi vinte em vinte e nove amizades
Por conta de uma pedra em minhas mãos
Me embriaguei morrendo vinte e nove vezes
Estou aprendendo a viver sem você
(Já que você não me quer mais)

Passei vinte e nove meses num navio
E vinte e nove dias na prisão
E aos vinte e nove, com o retorno de Saturno
Decidi começar a viver.

Quando você deixou de me amar
Aprendi a perdoar
E a pedir perdão.
(E vinte e nove anjos me saudaram
E tive vinte e nove amigos outra vez)


A sensação de não ter feito nada na vida - nenhuma realização concreta, não ter estabilidade financeira ou sequer um relacionamento, planos e sonhos não concretizados, e metade de uma vida se esvaindo - é perturbadora.

Me sinto frustrada. Com uma sensação de vazio, de não saber mais qual meu objetivo de vida. Afinal, cheguei até aqui, mas aonde mesmo eu deveria estar? Com certeza não fazia parte dos meus planos estar vivendo com minha mãe aos 30 anos, ganhando um salário mínimo, solteira, com 6 gatos (adoro clichês), num emprego que não me satisfaz, numa cidade que eu simplesmente desprezo, completamente isolada e distante dos meus amigos, com mais obrigações do que as horas do dia possibilitam uma pessoa viver.

Já ouvi de muitas pessoas que não consigo ver o lado positivo das coisas. Realmente, perdi essa capacidade faz tempo. Não tem livro de autoajuda, música motivacional, stand up comedy que melhorem meu humor. Estou triste, tristinha e o máximo que posso fazer é sentir pena de mim mesma e, quem sabe daí, tirar um pouco de ironia e começar, enfim, a rir de mim mesma.

Transcrevo aqui (na íntegra, que é pra não esquecer uma vírgula deste texto brilhante) o post de uma amiga que me inspira diariamente nesse sentido:


Dia "D" depressão.
Hoje foi um daqueles dias em que eu nem precisava acordar. Um dia daqueles a ser pulado, sabe? Banido da memória! Levantei e peguei a primeira roupa que vi na frente, escovei os dentes com muito esforço e me escondi atrás dos óculos, isso como de costume.
Olhei no espelho e senti uma vontade louca de me jogar pela janela do meu apartamento, mas lembrei que morava no primeiro andar, seria ridículo. Além disso, mesmo que eu morasse no décimo, jamais teria coragem.Sou vaidosa demais pra acabar com a minha própria vida, acho desperdício.
Fui trabalhar ao som de Radiohead, ouvi o suficiente pra  chegar  querendo cortar os pulsos e em seguida senti uma preguiça enorme de  tanta depressão. Achei graça.

A pressão de completar 30 anos é grande, pois dizem que chegar a essa fase da vida é também sinal de maturidade (?), responsabilidades (??) e independência (???). Ok. Melhor pararmos por aqui. Talvez eu esteja ficando paranoica com essa crise de meia idade, ou talvez eu tenha idade mental de 17 anos, ou a que minha aparência permitir. É isso, vou começar a mentir a idade, talvez me dê 20 ou 21. Definitivamente não tenho a tão sonhada independência, muitas vezes duvido do nível da minha maturidade e responsabilidades? Sim, acho que responsável eu sou... quando quero.

Tenho a sensação de que não aproveitei o bastante meus 30 anos. Nunca tomei um porre, não fui irresponsável o suficiente, não tive muitos amores, não conheci ou vivi muitas experiências e aventuras. Será que meu destino é desenvolver uma "síndrome de Peter Pan"? Não deve ser tão ruim... comecei pintando o cabelo numa cor bem infanto-juvenil e despeço-me agora, BALZAQUIANA.

Beijos.

quarta-feira, março 28, 2012

Pequenos protestos do dia-a-dia


Essa semana comecei minha terapia. Não tenho uma opinião formada, nem sei se isso vai me ajudar de alguma forma, mas a primeira impressão é que meus problemas não são tão grandes quanto eu imaginava. 

Em certo momento cheguei a rir por dentro ao ouvir um "não vale a pena mesmo" sobre determinado assunto. 

Meu primeiro problema identificado, que eu mesma nunca percebi ou reconheci, é com "autoridades". Isso explica porque sempre bato de frente com as pessoas, sou do contra, defendo meus pontos de vista com agressividade e faço meus "pequenos protestos do dia-a-dia" virarem verdadeiros dramas.

Tive que concordar. Afinal, sempre afirmei que submissão só de quatro e entre quatro paredes.

Nasci para mandar: fato. Veremos como serão as próximas sessões...

Outra novidade desta semana (uau, aí está uma palavra que não aparecia em meu vocabulário há muito tempo!) é que estou realmente motivada a fazer uma atividade física. Se antes eu apenas pensava em fazer capoeira, agora tenho certeza que farei a partir da semana que vem. É o "projeto verão 2013" começando. Talvez faça também umas aulas de localizada que descobri que rolam fora da academia. 

Notei que tenho mania de usar aspas, preciso parar com isso. Também não sei manter o nexo do início ao fim do post. Foda-se o nexo.

Odeio musculação. Odeio tanto que estou disposta a pagar o dobro do valor da academia para ter uma atividade mais prazerosa. Vamos que vamos! Recuperar meus 3kg em massa muscular, será que eu consigo? 


segunda-feira, março 26, 2012

A inspiração que não vem, vai

Minhas deficiências e problemas existenciais não são uma completa inutilidade. Pelo contrário, têm até servido de inspiração para algumas pessoas, ou pode-se chamar de exemplo, aprendizado...

Uma amiga escreveu em seu blog um texto que tem um pouco da Michelle aqui e, como não poderia deixar de ser, muito dela  mesma. Segue o link do post: Ciúmes x Ego

Essa semana começou pesada. Depois do trabalho, voltou a bater uma tristeza e, como sempre, o estômago ficou logo atacado. Me forcei a dormir sem ter sono, só pra esquecer. Consegui relaxar um pouco, embora não tenha avançado nada num exercício de meditação. Caminhei pela cidade por alguns minutos e voltei. 

Amanhã é meu primeiro dia de terapia, espero que seja uma boa profissional. Péssimo não ter referências, mas fazer o quê? Que ela não piore a minha situação. 

No final das contas, hoje foi mais um dia perdido. Meu plano era ter um dia de "mulherzinha", mas desanimei com minha mente cavando lembranças e questões sem respostas. Não arrumei nada, não estudei nada, e escrever não têm sido realmente algo de que me orgulhe, pois não tenho nada de bom para contar. 

Assim começa a semana do meu aniversário, meus 30 anos... o pior ano da minha vida. Sinto falta dos anos ímpares. Uma amiga costumava dizer que a vida é ímpar, o mundo é ímpar, as pessoas são ímpares, algo por aí. Ok, posso me arrepender de ter dito isso futuramente (sobre este ser o pior ano da minha vida), pois as coisas sempre podem piorar. Mas meu desejo é que um pouco de alegria me encontre, talvez eu reencontre alguns novos amigos (a gente sempre ganha alguma coisa em troca do que perdemos) e que meu aniversário não seja de todo mal.
"Fim da tempestade
O sol nascerá"
Cartola

P.S.: Finalmente incluí algum conteúdo na página "sobre", que será novamente atualizada tão logo eu encontre antigas imagens do blog ou mude de ideia.

sexta-feira, março 23, 2012

Mais do mesmo

Preciso de terapia URGENTE. Sempre precisei e essa não é uma constatação recente. Talvez esse blog não dê conta do recado... Algumas pessoas ficariam aliviadas por não terem mais que ouvir as minhas lamúrias e lamentações. Sobraria apenas o meu lado mais leve e meu senso de humor rude. Mas o que carrego dentro de mim é deveras pesado. Sequer posso revelar tudo o que me assombra nas noites que passo em claro. E além do mais, não há garantias. Pela minha constante necessidade de atenção, poderia continuar a falar minhas frases vazias sem ter fim...

segunda-feira, março 19, 2012

No fundo do poço é que me banho


Não posso saber, não devo, não quero, e se um dia eu perguntar sobre isso é porque não tenho pleno controle sobre o que penso, escrevo ou falo.

Queria não sentir nada disso, na verdade, me sinto uma idiota, grande idiota por me importar, por realmente me preocupar e ainda externar isso.

Não sou nenhuma criança, mas ainda preciso de ajuda. Me percebi incapaz de sair dessa sozinha. Jogue uma corda, por favor! Não quero mais me enforcar, quero apenas sair daqui. 

Estou lutando contra mim mesma, mais uma vez. Contra minhas fraquezas, meu coração mole, minha sensibilidade exacerbada. Continuo fazendo tudo para chamar sua atenção. Mas você não enxerga, não é mesmo? Não adianta me ver no chão, chorando, enfraquecendo a cada dia. Continua a pisar e tripudiar sobre minha cabeça.

Então procurar ajuda é jogar dinheiro fora? Pode mandar preparar uma caixa de papelão pro meu enterro, minha vida não vale nada mesmo.

Mas vou continuar e, mais uma vez, sairei dessa. Um dia estas linhas contarão boas novas...



quarta-feira, março 14, 2012

O último dia da minha vida

Esse dia já começou estranho. Uma tristeza cheia de sentidos. Sim, como posso dizer que não faz sentido se tudo está fora do lugar? Não estou na minha casa e sequer tenho um lugar para onde voltar. Não suporto mais a pressão de ser obrigada a me manter num emprego cuja motivação que eu sentia no começo, não existe mais. Quero largar tudo e recomeçar. Não paro de chorar desde cedo. Já tive os piores pensamentos. Quase peguei uma faca para dar vazão a eles. Mas estou tentando acreditar que isso não passa de uma TPM e que esse sentimento de derrota e impotência logo vai passar. Nada é como eu imaginava que seria. Como sinto falta de ter meus amigos por perto. De frequentar os lugares de que gosto. Da minha rotina. Das minhas coisas nos lugares certos. De viver e me divertir. Sinto falta de ser feliz.

terça-feira, março 13, 2012

Breve momento de consciência


"Compreendi que estava em face de alguém cuja simples personalidade era tão fascinante que, se eu me abandonasse, ela me absorveria inteiramente. " Oscar Wilde - O Retrato de Dorian Gray


Contemplava a mim mesma, como se estivesse fora do meu corpo. Perdida em mim. Teria sido mais fácil passar por um daqueles episódios de ausência da realidade, quando negava minha existência, saindo de mim e assumindo uma nova personalidade. Mas não. Eu estou aqui e me dou conta de quem sou, ou melhor, de quem um dia fui. Pois aqui dentro jaz, perdida na imensidão de pensamentos, uma consciência prostrada, pequena, tímida.

Preciso me encontrar, cantava Cartola. Preciso me encontrar e crescer dentro deste corpo. Renascer qual fênix. Me aceitar e reconhecer. Conheço bem a realidade que me cerca e preciso reaprender a vivê-la. Talvez mais leve. Dos pés à cabeça. De dentro pra fora. Recobrando os sentidos. Despertando dos sonhos. Tentando esquecer o inesquecível.

segunda-feira, março 12, 2012

Sinestesia

A dor dá lugar à raiva. Mas ela volta, vez ou outra. Ainda assim a vontade é de atirar pedras, ferir como possível for. O que antes era poesia virou prosa. A metamorfose não para de acontecer. É o meu sol que não mais me toca. Num segundo, tudo se transforma. Tristezas num instante. Noutro, incertezas. Já não tenho raiva, mas saudade. Não tenho saudade, mas memórias. Não tenho memórias, mas visões de lembranças do que não vivi, tão ardentes que desafiam a realidade. Sinto o calor das suas cores, o gosto do seu sorriso, o perfume da sua voz e o toque do seu suor aguçando os sentidos. Agora, só te quero bem. Mas não mais do mesmo. Próximo, por favor.

quinta-feira, março 08, 2012

Coração aberto



Nunca tive vergonha de expor minhas fraquezas e medos, de demonstrar meus sentimentos e opiniões. Não tenho receio de me expor. Sou assim, despudorada. Choro em público, falo da minha dor aos quatro cantos, tenho surtos de grosseria e também canto minhas vitórias.

Mas as pessoas me alertam: você está se expondo demais! Vai inflar o ego de quem não merece. Mas querem saber o que penso? Não me importo com isso. Faço o que me convém, o que me faz sentir mais leve. Se além de fazer o bem por mim mesma estiver fazendo por outrem, tanto melhor! 

Assim eu sigo meu caminho. Do meu jeito. Errando, tropeçando, levantando, rindo, chorando, falando mais do que devia, por vezes magoando ou sendo magoada. Para esquecer um pouco da realidade, fico sonhando acordada. Imaginando o que poderia ter sido. Lembrando o que foi bom e aceitando o que estava fora do meu controle mudar.

Aceito que eu mesma sou responsável pelo que me atinge e como me deixo afetar por tudo aquilo que não sai exatamente como eu gostaria. Queria poder controlar tudo, mas não possuo tal poder. Ainda assim, acabo muitas vezes perdendo o controle e mando pra pqp tudo e todos que me fizeram algum mal, pois não sou rocha. Mesmo que depois eu me arrependa de cada palavra mal dita.

sábado, março 03, 2012

Inferno astral



Como disse Hank, alterego de Bukowski: "ficção é a vida melhorada". Estou precisada de um pouco mais de ficção em minha vida.

Pura melancolia. Meu drama inventado. Será que tudo isso faz parte do meu inferno astral? Acho tudo tão estranho... O tempo se arrastando, pessoas rindo de qualquer coisa e eu não vejo graça em mais nada.

Meus 30 anos se aproximam. Um marco cronológico de grande significado para alguns. Mas não fiz nem uma pequena parcela do que diziam aquelas listas de "coisas que devemos fazer antes dos 30". Sequer um porre, algo tão banal, eu tomei!

Dizem que devemos fazer antes dos 30 algumas coisas que seriam ridículas a certa altura da vida. Não, pensando bem, eu nunca fui grande seguidora de padrões sociais. Se um dia quiser, por exemplo, vestir-me como uma pré-adolescente e for criticada por isso, no alto dos meus quase 30 anos, não me sentirei ofendida com isso. Na verdade estou pouco me lixando para o que pensam das minhas atitudes pouco adequadas à minha idade! Sou imatura até, nunca neguei. Fui criada a leite com pêra. Não fui mimada, mas superprotegida. Agora sofro as consequências com minha ingenuidade e inexperiência de vida. Mas venha o que vier, encararei esses 30 anos de frente. 

Já posso prever aquela crise existencial, semelhante a dos meus vinte e poucos anos (24 ou 25? não lembro mais). Com muitas lágrimas e solidão. Algo a que já estou bem habituada...

quinta-feira, março 01, 2012

Indefinido


No caminho em que me perdi
Tentando te encontrar
Nada está no lugar
Mas parece melhor assim.

Numa viagem insólita
A distância de um sonho
Do que era tão certo
Malas prontas sem um ponto.

Como na morte de alguém querido
Ficou também o vazio
Memórias das doces palavras
E lágrimas de um tempo bandido.

Sonhos e planos terão novos personagens.
Meus dramas, um novo vilão.
A carta salgada não precisa mais seguir.
Os dias lentos não precisam mais correr.
E a vida pede uma nova razão.


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